“Será que a covid pegou o papai?” Na quarentena, é assim que Pedro Luiz, 5, e Ana Luiza, 3, começaram a reagir quando começava a escurecer e seu pai, Luiz Arthur, não havia retornado do trabalho.
“Eles ficam angustiados e chorosos, rodeando a porta. E dizem que, se a gente sair de casa, não vamos voltar”, diz a mãe, Tatiane Lima Domingues. A psicóloga lembra que um “alívio nervoso” passou a marcar os reencontros. “Um dia, precisei ir ao banco e, quando voltei, eles comemoraram de um modo mais exagerado, com um riso nervoso, falando que o vírus não tinha me pegado.”
Maior irritabilidade, apego, impaciência e raiva por não poderem sair de casa. Essas foram algumas das reações mais frequentes apresentadas por Pedro e Ana Luísa desde que a família começou o confinamento social, no dia 18 de março, em Itapecerica da Serra, na Região Metropolitana de São Paulo.
Ao perceber a raiva dos filhos, Tatiane passou a aplicar a chamada terapia da almofada: deu a uma almofada o “nome” de coronavírus e perguntou o que os filhos queriam fazer com ele. “Eles pisam, batem, chutam a almofada e pedem para o coronavírus não ‘morder’ mais as pessoas. Ajuda muito a aliviar a raiva deles”, avalia.
Mesmo após quase quatro meses de quarentena, ainda são frequentes perguntas como “por que você não me leva para a escola?” ou “por que não podemos ver a vovó ou os nossos amigos?”. Por isso, pelo menos duas vezes por semana, os pais dialogam para lembrá-los de que todos precisam permanecer em casa para se proteger e que existe “possibilidade de doença e de morte”.
“Lembramos que a gente adoraria levá-los, mas não podemos por causa da pandemia. Eles ficam tristes, às vezes choram e ficam mais apegados quando vão dormir”, conta a mãe. Na quarentena, Ana Luíza começou a pedir para segurar a mão dos pais antes de dormir e houve episódios de xixi na cama quando as atividades virtuais da escola começaram.
Impactos comportamentais e fisiológicos
Publicado pelo Núcleo Ciência Pela Infância (NCPI), o documento “Repercussões da Pandemia de Covid-19 no Desenvolvimento Infantil” analisa como as mudanças abruptas na convivência familiar, impostas pela pandemia, podem atrapalhar o desenvolvimento de crianças na primeira infância (0 a 6 anos). Tais mudanças podem provocar perdas importantes como interações positivas, uma boa alimentação e um ambiente favorável para descobertas.
Composto por pesquisadores de diferentes áreas e organizações, entre elas a Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), o Center on the Developing Child da Universidade de Harvard (CDHC-EUA) e o Instituto de Ensino Superior e Pesquisa (Insper), o NCPI destaca que um dos principais impactos da pandemia é a convivência familiar sob tensão, o que pode provocar o chamado “estresse tóxico”: quando a criança vivencia adversidades por um longo período sem o suporte de um adulto.
De acordo com o artigo, o estresse surge da “confrontação entre uma situação desconfortável e os recursos que o indivíduo tem para lidar com ela”. Em situações de estresse, os neurônios que controlam as respostas de medo ficam mais ativos, o que faz o cérebro interpretar mais situações como ameaçadoras e reagir de acordo, aumentando a produção de hormônios como a adrenalina e o cortisol.
Segundo os pesquisadores, o estresse tóxico pode enfraquecer o desenvolvimento da arquitetura cerebral e trazer problemas a longo prazo.
“O estresse prolongado ou ininterrupto leva à desregulação no sistema neuroendócrino e afeta outros órgãos e sistemas, como o coração e o sistema imunológico, podendo aumentar o risco de doenças agudas como infecções e problemas na vida adulta, como transtornos de ansiedade e depressão”, afirma Débora Falleiros de Mello, integrante do NCPI e docente da Escola de Enfermagem da USP de Ribeirão Preto (EERP- USP).
Segundo os pesquisadores, nesse contexto de tensão, é natural que as crianças de até 6 anos de idade passem a ter comportamentos como chorar, dormir mal, demonstrar apatia ou distanciamento, não comer e até morder. Essas são formas de elas lidarem com situações adversas — mas são formas ineficientes e prejudiciais aos processos de aprendizagem, convivência e desenvolvimento.
Ao reunir dados levantados em países como Brasil e China, o artigo também aponta que a pandemia provocou nas crianças uma dependência excessiva dos pais (36%), desatenção (32%), problemas de sono (21%) e falta de apetite (18%). E que tais comportamentos são decorrentes das dificuldades em atender três necessidades: a autonomia, a sensação de pertencimento e manter controle sobre a situação.
Os pesquisadores do NCPI afirmam que “por razões de saúde e por razões pedagógicas”, o ensino à distância não é recomendável para crianças na primeira infância, pois, nessa faixa etária, as crianças aprendem através de “experiências concretas, interativas e lúdicas”.
O artigo também ressalta a importância de haver políticas públicas integradas, a partir de uma maior inserção comunitária das famílias na formulação e execução de soluções para a crise. Para o NCPI, também é essencial mobilizar assistentes sociais para que a rede de proteção atenda rapidamente as famílias, especialmente as mais vulneráveis.
Maior dependência e vontade de sair
O estudo também apontou que crianças mais novas (até 3 anos) desenvolveram maior dependência dos pais. “Como a criança perdeu quase todos os referenciais no isolamento, como avós, tios e amigos, esse apego em relação aos pais é como um pedido de ajuda”, afirma a educadora parental Luanda Barros.
Essa maior dependência foi percebida pela advogada Sandra Monteiro em sua filha Helena, de 3 anos. Desde o começo da quarentena, ela notou a filha “mais inquieta, arteira e irritada com tudo”: “Ela fica bem grudada em mim, chora muito quando eu preciso sair para trabalhar e diz que quer ir comigo.” A advogada de 45 anos já levou mais de uma hora para conseguir sair para trabalhar, em função das reações da filha.
Na quarentena, Helena passou acordar mais à noite, muitas vezes chorando. Em junho, a menina começou a pedir para sair de casa. “Ela queria abrir a porta e sair, mesmo que fosse para subir as escadas do prédio. Por isso, comecei a levá-la de máscara comigo para pequenos comércios no bairro. Isso ajudou muito”, relata Sandra, que mora em na capital paulista.
Essa vontade de sair também foi percebida pela roteirista Maria Fernanda Salvador, de 38 anos, em relação à filha Nina, 4 anos. Um dia, a menina brincava no quintal enquanto a mãe cozinhava. Ao ouvir a voz de uma criança na rua, Nina saiu para a calçada para ver quem era.
Dias depois, Maria Fernanda brincou de pintura com a filha e foi trocar de roupa quando viu que Nina havia saído novamente e estava na calçada, no outro lado da rua, em frente à casa de uma vizinha, sua amiga. Desde então, ela e o marido passaram a brincar com a filha só no interior da casa e a tentam sair para andar com Nina no quarteirão.
“Na quarentena, ela começou a questionar e tentar romper todos os combinados e dinâmicas que eram hábito aqui em casa. Fala que não quer tomar banho todo dia, questiona a quantidade de desenho que pode assistir e de doces que pode comer”, conta a mãe.
Mudanças alimentares
Maior consumo de doces e de alimentos processados na quarentena foram alterações relatadas por todos os pais ouvidos pela BBC News Brasil. Muitos também notam que os filhos passaram a querer comer mais durante o dia e a reclamar de alimentos que eram consumidos com tranquilidade antes da pandemia.
“A Ana e a Antônia querem mais doces e começaram a reclamar quando comem arroz e feijão, que sempre foi comum aqui em casa. Começamos a colocar os doces nos armários de cima, para dificultar o acesso delas”, afirma o pai, Daniel Minchoni, 40 anos.
No confinamento social, as meninas também passaram a roer as unhas e Antônia começou a desenvolver bruxismo — problema caracterizado pelo ranger de dentes durante o sono, geralmente provocado por ansiedade, raiva e tensão.
Segundo a pediatra Thaís Tubero, o consumo de doces gera hormônios de prazer tanto em crianças como em adultos. Para ela, o aumento do consumo de doces no confinamento social surge como uma busca por conforto.
“Na quarentena, os pais acabam intensificando a permissividade sobre o doce e passam a incluir outras coisas para trazer prazer às crianças e até para suprir um pouco da culpa que eles muitas vezes sentem por não poderem confortá-las”, afirma Tubero.
Maior exposição às telas e interrupções no sono
Todos os pais ouvidos pela BBC News Brasil relataram que os filhos passaram a ficar mais tempo expostos a telas (como televisão, computador, videogame e celular). Essa alteração foi motivada por uma combinação de fatores: para lidar com o tédio, falar com familiares, acompanhar aulas virtuais e tentar conviver mais com os pais enquanto eles trabalham virtualmente.
Além de provocar mais irritação, a maior exposição às telas tem alterado as formas de reagir de algumas crianças.
“Elas brigam mais para escolher o que vão assistir e começaram a ranger os dentes e grunhir na hora de nos responder, imitando alguns personagens de desenhos animados”, conta Daniel Minchoni.
Além de assistir aulas virtuais da faculdade e trabalhar remotamente, Clarice Santos tem de cuidar da filha Alliyah, de 2 anos. “Como fico até tarde no computador, especialmente em semana de provas, ela começou a me acompanhar e acaba dormindo mais tarde”, relata a estudante de Direito, de 26 anos.
Allyiah também vem acompanhando as reuniões virtuais da mãe em seu trabalho, tem visto mais desenhos e aprendeu a manusear o computador da casa. “Agora, ela usa algumas teclas do teclado, para pular anúncios e avançar trechos de vídeos”, afirma Clariane, moradora de Barueri, na Região Metropolitana de São Paulo.
A doula Layza Real, 31 anos, percebeu que o filho Gael, 3, começou a jogar mais videogame ao longo da quarentena e a ter mais dificuldade para dormir.
“Então, uma das irmãs dele, Sophie, resolveu fazer uma festa do pijama na sala todos os dias. Eles colocam o colchão na sala e dormem juntos, o que tem sido ótimo para o sono dele ser menos interrompido”, conta a mãe.
A Sociedade Brasileira de Pediatria recomenda que crianças com menos de 2 anos não sejam expostas às telas. E para aquelas com idade entre 2 e 5 anos, o tempo deve ser limitado a uma hora diária.
Contudo, Thaís Tubero pondera a necessidade de ressignificar o uso das telas como um “recurso positivo” na pandemia e fundamental para estabelecer vínculos. “Hoje, não é possível negar a exposição de telas para crianças de até 2 anos. É pelas telas elas vão conversar com familiares, que os avós vão ver que o neto está aprendendo a andar e comemorando aniversário”, afirma a pediatra.
Na avaliação dela, a maior exposição a telas é nociva quando é usada para “silenciar” as crianças e tentar “abafar” necessidade naturais de se movimentar, desenvolver habilidades motoras e ganhar espaço. Outro problema é que a maior exposição às telas também limita os recursos de comunicação das crianças. Segundo Tubero, enquanto aquelas com idade até 2 anos ficam com atraso de fala, as mais velhas podem ter mais dificuldade para aguardar a resposta de outra pessoa em um diálogo.
“Ao conversar com outras pessoas, elas nem sempre sabem o que vai acontecer. Em jogos virtuais e desenhos animados, elas realizam uma atividade repetitiva, com reações bastante esperadas. Isso limita a capacidade delas de conversar, questionar e serem questionadas”, diz a pediatra.
Além disso, o maior uso de telas impacta diretamente o sono, pois afeta a liberação da melatonina, hormônio que começa a ser produzido ao anoitecer, quando há menor incidência de luz solar.
Sobrecarga e culpa
Outro alerta do NCPI é que a sobrecarga trazida às mães pela falta do apoio escolar pode aumentar os casos de depressão materna. Quase todas as mães entrevistadas pela BBC News Brasil relataram terem sentido culpa em algum momento da pandemia.
“No começo da quarentena, conseguimos manter a rotina. Mas, depois de 4 meses, fica difícil. Muitas vezes, eu e meu marido temos reuniões no trabalho e elas pedem o celular e nós damos”, afirma Kátia Farto, de 43 anos, mãe de Helena e Carolina, 4 e 7 anos, respectivamente.
Em julho, Carolina começou a reclamar que Kátia ficava o dia trabalhando e pediu para ver um filme com a mãe à tarde. A publicitária explicou que não podia, pois teria uma reunião com o chefe. “Ela disse que faria de tudo para atrapalhar a reunião, para eu ser demitida e ter mais tempo para ficar com ela. Fiquei dilacerada.”
Como prometido, Carolina interrompeu a reunião e pediu para o chefe demitir a mãe. “Terminei a reunião e fui ver um filme com elas. Expliquei que sou feliz na minha profissão, mas que nada seria mais importante do que elas. Foi um alerta de que eu precisava tentar equilibrar mais”, afirma Kátia, cuja rotina de trabalho se estende das 9h às 19h.
Desde então, ela vem tentando realizar pausas às tardes para ficar com as filhas: “Como mãe, me sinto sempre devendo: ou a casa não está limpa ou a lição não está feita ou o trabalho está atrasado. Isso me deixa arrasada diariamente. Mas tento me lembrar de que estou tentando o meu melhor.”
Para Thaís Tubero, questões como a exposição às telas, a busca por uma alimentação equilibrada e a dificuldade de conciliar trabalho e demandas familiares já existiam antes da pandemia. A novidade é que o confinamento social restringiu o cuidado das crianças aos pais, sobrecarregando-os com um cuidado que antes era compartilhado socialmente.
“No contexto atual, estamos considerando os pais os únicos responsáveis por esse cuidado, mas é preciso lembrar a importância de outras instituições sociais como a escola e os familiares. É preciso que a sociedade não culpabilize os pais, mas procure meios para compartilhar com eles o cuidado das crianças, mesmo em confinamento social”, enfatiza a pediatra.
No artigo, o NCPI afirma que o cuidado familiar depende de “boas condições psicossociais, sanitárias e econômicas” e que a fragilidade do contexto familiar pode fragilizar os vínculos afetivos e trazer riscos ao desenvolvimento infantil.
“A sobrecarga nas atribuições dos cuidadores parentais, além de preocupações financeiras e o pouco auxílio da rede de apoio fragilizam o cuidado da criança, o que pode ser disfuncional para o desenvolvimento dela e de toda a família”, afirma Naercio Aquino, pesquisador do Insper e coordenador do NCPI.
Em seus atendimentos, Luanda Barros percebe que muitos pais “adoeceram” durante o confinamento social pela necessidade de proteger os filhos e pelo medo de dar espaço para emoções como medo e tristeza.
“Mas é justamente desse espaço que a criança precisa. Ao nos humanizar, abrimos espaço para que ela entenda que nós acolhemos e sustentamos o que ela sente. A criança passa a entender que, se os pais confiam nela para dizer o que sentem, ela também pode confiar neles para dizer o que sentindo. O importante é abrir espaço para dizer que está ali para ouvir.”
Aprendizados positivos: maior autonomia
Os pais e especialistas ouvidos pela BBC Brasil ressaltaram alguns aprendizados positivos em uma experiência intensa como o confinamento social. Entre eles, o desenvolvimento de maior autonomia nos filhos.
“As crianças tem maior plasticidade cerebral do que os adultos e podem aprender mais facilmente novas formas de sociabilidade, além de adquirir novos recursos para lidar com os novos contextos após o confinamento. Dependendo de como nos organizamos agora, podemos reduzir ou até ressignificar os impactos do confinamento”, pondera Thaís Tubero.
Outra possibilidade é a oportunidade de acompanhar o crescimento das crianças mais de perto. Segundo a pediatra, mesmo “pesando todas as adversidades”, as famílias em seu consultório tem valorizado essa aproximação.
“Vejo quando a Alliyah fala ou faz algo novo, aprendo novas brincadeiras e às vezes dançamos maracatu e jongo no quintal. Estou acompanhando o desenvolvimento dela de um jeito que não aconteceria se ela estivesse na creche”, diz Clariane Santos.
Ao ver notícias na TV sobre os riscos de contaminação da população de rua pela pandemia, Carolina organizou uma coleta de roupas e brinquedos para doar. “Ela também doou todo o dinheiro de seu cofrinho para doar para organizações que distribuem marmitas para essas pessoas”, conta Kátia Farto.
Carolina comemorou o aniversário de 7 anos na quarentena e ganhou um kit de bijuterias. Foi então que usou o presente para fazer algumas pulseiras e colares e arrecadar mais dinheiro para doar. Os pais divulgaram a iniciativa entre familiares e amigos. “Ela conseguiu arrecadar quase 400 reais e usamos o dinheiro para comprar cobertores”, diz a mãe, orgulhosa.
Na avaliação de Débora Falleiros de Mello, o distanciamento social pode ser uma “chance promissora” para nutrir vínculos afetivos. “Podemos construir relacionamentos sustentadores, realizar atividades conjuntamente e trazer interações como oportunidades ímpares ao diálogo e afeto. Para isso, é fundamental minimizar as situações de conflito”, afirma a pesquisadora do NCPI.
Para Luanda Barros, minimizar tais conflitos requer que os adultos percebam as próprias emoções, a fim de não transferi-las para as crianças. “O corpo nos avisa quando estamos esgotados, mas nos desconectamos dele para resolver coisas e cumprir tarefas. Precisamos perceber o que sentimos, dizer para as crianças quando não estamos em um dia bom e pedir ajuda.”
O NCPI enfatiza a importância de estabelecer horários e manter rotinas, a partir de atividades como contar histórias, desenhar, montar quebra-cabeças e ajudar nas tarefas domésticas (de acordo com a faixa etária). “Na brincadeira, elas elaboram o que sentem e liberam essas emoções: ressentimentos, medos e desejos de encontrar amigos ou ir a uma festa”, afirma Luanda Barros.
Para a educadora parental, além de ser um mecanismo terapêutico, o brincar também ajuda a estabelecer mecanismos de cooperação. “Na hora da arrumação, endurecemos e só damos ordens. Mas podemos aprender a brincar na hora de colocar a roupa suja na máquina de lavar, entendendo que eles fazem o que conseguem fazer. Não precisa ser uma guerra. Não podemos mudar a realidade que estamos vivendo, mas podemos mudar a forma como interagimos com ela”, avalia.
Diferenciando mudanças
No confinamento social, os pais podem ter mais dificuldades para diferenciar as mudanças naturais decorrentes do crescimento das crianças e as mudanças que funcionam como sintomas de inadequação ao novo jeito de viver. “A escola e familiares ajudam a perceber essas mudanças naturais e a perda dessa rede de apoio dificulta isso”, afirma Thaís Tubero.
Dada a duração da quarentena, a pediatra enfatiza que as crianças se desenvolveram, adquiriram novas necessidades e resolveram outras antigas: “Um bebê de 6 meses que precisava cochilar duas vezes por dia, pode não sentir tanto essa necessidade quatro meses depois em função do crescimento.” Por isso, ela recomenda que os pais resgatem o histórico da criança antes da pandemia (quanto dormia, o que comia e falava) e contextualizem as mudanças no período de vida do filho.
Tubero lembra que o desenvolvimento infantil não é sempre linear e, por isso, é difícil dizer qual é o limite das mudanças consideradas naturais. “Haverá momentos piores e melhores. É fundamental usar os momentos difíceis para repensar e tentar fazer diferente. Quando não for mais possível lidar com as mudanças no ambiente familiar, cabe procurar a ajuda de profissionais para interpretar esse momento.”
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